México, Chile e Uruguai bloqueiam frango brasileiro após detecção de gripe aviária

Brasil

A confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil acendeu o alerta em diversos países importadores e provocou a suspensão temporária das compras de carne de frango brasileira por México, Chile, Uruguai, China, União Europeia e Argentina. O caso foi registrado em um aviário com mais de 17 mil aves no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.

Publicado em 17/05/2025 às 19:10

Aves abatidas em granja de Montenegros, no Rio Grande do Sul, onde foi identificado a gripe aviária, são enterradas por causa do foco de gripe. Foto: reprodução

Mortandade em massa e sacrifício de aves

De acordo com o Ministério da Agricultura e técnicos do governo gaúcho, o surto teve início no dia 12 de maio. O local foi colocado em quarentena imediatamente. No primeiro galpão da propriedade, todas as aves morreram. No segundo, a taxa de mortalidade chegou a 85%. As aves restantes foram sacrificadas como parte do protocolo sanitário. Segundo o relatório oficial enviado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), mais de 7.300 aves haviam morrido até o dia 15 de maio.

A propriedade é dedicada à produção de galinhas matrizes, responsáveis por gerar ovos férteis usados na criação de frangos de corte. Os ovos que já haviam sido comercializados estão sendo rastreáveis e serão destruídos, segundo as autoridades sanitárias.

Exportações suspensas e diferentes reações internacionais

A lista de países que suspenderam total ou parcialmente as importações de carne de frango e subprodutos do Brasil cresceu nos últimos dias. México, Chile e Uruguai anunciaram neste sábado (17) a interrupção completa das compras, seguindo o exemplo da China, União Europeia e Argentina, que já haviam adotado a medida na sexta-feira (16).

O Japão, por outro lado, optou por uma restrição regionalizada, suspendendo as importações apenas da cidade de Montenegro, onde o foco foi identificado. O mesmo pode acontecer com Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, que possuem acordos sanitários com o Brasil que permitem restrições apenas ao estado afetado.

Brasil reforça medidas de contenção e fiscalização

O Ministério da Agricultura acionou o Plano Nacional de Contingência para Influenza Aviária, que inclui o isolamento da granja, desinfecção do local, eliminação das aves infectadas, rastreamento de produtos derivados e vistorias em propriedades num raio de 10 km ao redor do foco. Ao todo, sete barreiras sanitárias foram instaladas na região, seis para desinfecção e uma de bloqueio.

O Zoológico de Sapucaia do Sul, cidade próxima a Montenegro, foi fechado temporariamente após a identificação de aves silvestres mortas. Todos os torneios e eventos envolvendo aves no estado também foram suspensos.

Apesar da gravidade, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que o consumo de carne de frango e ovos segue seguro, desde que os produtos sejam devidamente cozidos.

Impacto econômico e possível reação de novos mercados

O surto ocorre em um momento de forte desempenho das exportações brasileiras. De janeiro a abril de 2025, o Brasil exportou US$ 3,7 bilhões em carnes de aves e miúdos, tendo como principais destinos China, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O país é o maior exportador mundial de carne de frango e qualquer sinal de insegurança sanitária pode gerar consequências amplas no mercado.

O governo brasileiro tenta reverter as suspensões com transparência e agilidade nas ações de contenção. No entanto, há expectativa de que novas restrições comerciais sejam anunciadas nos próximos dias, mesmo em caráter regionalizado.

Risco para humanos é considerado baixo, mas há monitoramento

As autoridades reforçam que o risco de contaminação humana pelo vírus H5N1 é baixo, sendo maior apenas para trabalhadores com contato direto com aves doentes. Mesmo assim, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul está monitorando todas as pessoas que atuaram nas áreas afetadas.

No entanto, o alerta aumentou após o México relatar, em abril, a morte de uma menina de 3 anos contaminada pela gripe aviária, o primeiro caso humano registrado no país. Ainda assim, nenhum dos familiares ou profissionais de saúde que tiveram contato com a criança testou positivo para o vírus.

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